segunda-feira, 21 de setembro de 2009

fugi

Fugi...

De novo, corri o máximo que pude... tentei alcançar aquele espaço infinito que tão bem conheço...
Lá, sentei me, coloquei a face sobre os meus braços cruzados,apoiado nas pernas, e ali fiquei sem contemplar a beleza das cores e magia que só um mar consegue me ofereçer cada vez que.... fujo..

Acariciei me como um pequeno adolescente .
Toquei me e tranquilizei me com um aperto a mim mesmo. Senti me pequeno como um reçém nascido, e cada vez sentia me mais só...
A paisagem nada me fazia recordar nem tão pouco ligava o miudo rebelde que me viu crescer e tornar no homem que sou...ali mesmo...

Pensei na vida, e lembrei me de sonhar ... de sonhar o que tantos sonham e que tanto já sonhei.
Alcançar um verdadeiro querer.
Mas, de novo, fugi..

Fugi, por sentir que a força do desejo, já não é a suficiente para chegar até ao teu eu.
Por saber que o teu querer não pode ser assim tão forte, tão brilhante quanto o meu...

Fugi por carência, fugi por mim, contrariando o meu ser, a minha promessa...
E fugi como não fugia há tanto e tanto tempo.

Fugi, de novo, por exaustão. Por não conseguir mais libertar uma frase, palavra, um som... assim sou eu... exausto por exaustão...
E cada dia que passa, mais exausto de fugir de mim me sinto...
E cada dia que passa mais corro, sem rumo, sem porto seguro...
E cada dia que passa mais vou querendo baixar os braços de cansaço...

Olhei em redor, e ao longe sente se o cheiro de quem corre a dois por um areal à beira mar e vinga com o sangue de um querer partilhado .
Vive se magia de um amor.. observa-se o corpo de pessoas que sentem a química e desejo de matar tempo enquanto murcham no ser e alma do outro... porque assim é a vida!!!

Eu, sentado, liberto as mão e com força sinto a areia quente que não sente uma gota de água há muito muito tempo... sinto o quente do fino composto, observo minuciosamente todos os pequenos objectos que já fazem parte ... e no horizonte, um sol que agora começa a dizer “ até amanha”...

Levanto me e agradeço por ter tido a companhia do meu melhor amigo... olho para trás, à medida que me afasto deixo uma pequena parte, um pequeno mundo de mim mesmo ... e pergunto –lhe :
- Será que vai conseguir? Será que eu vou conseguir?
E continuo marcha, como um pequeno soldado que segue ordens superiores...
Sinto me pequeno e vou deixando o soluçar tomar conta de mim...
Sigo a fuga libertando este poder de vazio através das lagrimas...

Estou cansado de me sentir tão pouco Homem. Cansado de viver uma vida que não é a minha.
Triste por saber que merecia ter todo o teu querer e reflectir esta dor apenas em outros quadros pintados com cores mais alegres...
E fugi....

E não consegui não fugir...
Regresso a casa sem uma palavra, vazio...mas mais tranquilo.

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